MOVIMENTO ANTINUCLEAR

Antinucleares, pela vida

Somos antinucleares. Uma postura ética diante dos riscos, do legado radioativo e dos prejuízos socioambientais. O ciclo do combustível nuclear deixa seus rastros ao redor de todo o mundo: contamina água, terra e pessoas na mineração, apresenta vazamentos e riscos de explosões na produção de energia e deixa toneladas de rejeitos radioativos como legado.

O domínio da tecnologia nuclear está intimamente relacionado com interesses militares. O plutônio, subproduto do processamento de urânio pelas usinas nucleares, ou deve ser armazenado e monitorado por milhares de anos, ou pode ser usado como matéria prima para produção de armamentos nucleares. Não à toa, Hiroshima, cidade japonesa bombardeada na segunda guerra mundial com uma bomba atômica, se tornou símbolo da luta antinuclear e pacifista. 

 “Pela Vida Pela Paz, Hiroshima Nunca Mais!”. Esse grito ecoou pela primeira vez em 1982 em protesto contra a instalação da primeira usina nuclear brasileira em Angra dos Reis (RJ), iniciando, em plena ditadura militar, o Programa Nuclear Brasileiro. Dessas manifestações surgiu a SAPÊ que, há 40 anos, se posiciona contra a produção da energia nuclear, defendendo a desativação de Angra 1, 2 e 3 e das minas de extração de Urânio. Exigimos um Plano de Emergência consistente, a criação de depósito definitivo para os rejeitos radioativos, transparência no funcionamento da usina e acompanhamento da saúde dos trabalhadores.

Outrora a resistência antinuclear mobilizou multidões associada ao movimento pelo fim da ditadura. Hoje, além de uma certa naturalização da população angrense de conviver com o risco,  há um forte  lobby da indústria nuclear junto a classe política, instituições de pesquisa, e veículos de comunicação, arrefecendo a luta antinuclear local.

O movimento antinuclear nacional se organiza, principalmente, a partir dos grupos diretamente impactados pela cadeia de produção da tecnologia nuclear. São eles:

  • Caetité (BA) sofre os impactos da mineração do urânio;
  • Angra dos Reis (RJ), o das usinas nucleares;
  • Goiânia (GO), do acidente radiológico com Césio-137;
  • São Paulo (SP), do depósito de lixo radioativo e de trabalhadores desassistidos da Nuclemon;
  • Santa Quitéria (CE) luta contra a implantação da mineração de urânio;
  • Itacuruba (PE), contra a instalação de novas centrais nucleares.

        Juntos, esses coletivos integram a Articulação Antinuclear Brasileira (AAB)  que busca fortalecer nossa luta e ampliar a capilaridade de nossas ações.

A energia nuclear é cara, perigosa e suja. Após o desastre de Fukushima no Japão, em 2011, diversos países vêm abandonando a matriz nuclear, como a Alemanha, que deve  desativar seus 23 reatores até o fim de 2022. No Brasil, a produção de energia eólica e solar (9% e 2%) já ultrapassou a termonuclear (1%) em relação à sua participação na matriz energética nacional, mostrando a realidade de fontes mais baratas e seguras para produção de energia.

Toda forma de geração de energia causa impactos e a discussão sobre matriz energética deve ser realizada junto a uma reflexão crítica sobre a crescente demanda de energia e modelo de consumo insustentável que vivemos. É a partir dessa perspectiva que  a Frente Nacional por uma Nova Política Energética, articulação nacional de organizações da sociedade civil que a SAPÊ faz parte, vem atuando. A Frente busca orientar uma política para o setor energético baseada nos princípios da participação popular, da justiça socioambiental, da eficiência e autonomia energética das pessoas e comunidades.

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