QUEM SOMOS

SAPÊ 40 ANOS

A Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPÊ), essa que vos fala, é uma associação sem fins lucrativos de caráter cultural e ecológico, que articula a luta institucional com o ativismo social. Somos um grupo heterogêneo de pessoas reunidas em torno da luta antinuclear e ambiental, que atua em conjunto pela cidade e país que queremos. Às vezes somos muitos. Muitas vezes, poucos. Como disse nossa veterana Nádia Valverde: “não fosse as usinas nucleares com seu lixo secular, os aterros de manguezais, as praias privatizadas, a população caiçara expulsa de suas terras, talvez não existíssemos. Porém existimos, porque nos fizemos necessários”.

A SAPÊ foi fundada no dia 22 de janeiro de 1983, em Angra dos Reis-RJ, em um contexto de grande efervescência política e cultural em que diversas associações de moradores e movimentos locais surgiram. Essa mobilização estava vinculada tanto com os conflitos fundiários e as fortes transformações espaciais vividas, quanto na  luta geral pelo restabelecimento democrático. 

Nos constituímos como entidade lutando contra a instalação das usinas nucleares e o Programa Nuclear Brasileiro, defendendo a ecologia e a cultura. Nossa atuação é permeada pela realização de protestos, atividades de formação e articulação, denúncias nos órgãos competentes e participação em fóruns institucionais. Apoiamos também a luta de outros movimentos, associações de moradores e comunidades tradicionais. Nos anos 2000, começamos a executar pequenos projetos que mobilizam recursos financeiros e possibilitam trabalhos sistematizados em nossas temáticas de atuação. 

Nosso cotidiano é organizado por reuniões periódicas. Anualmente fazemos uma Assembleia Geral com um balanço do ano e, a cada três anos, elegemos uma nova coordenação. Ocasionalmente, realizamos imersões de troca, reflexão e planejamento da entidade em Seminários Internos.

Em 2023 completaremos 40 anos de história! Através dessa caminhada podemos refletir sobre as profundas transformações socioespaciais vivenciadas na Baía da Ilha Grande e os movimentos de resistência que buscam construir um mundo sócio e ambientalmente justo e culturalmente diverso.




Missão

Atuar pela justiça ambiental, pleno exercício da cidadania e diversidade cultural. Nossos principais objetivos são: lutar pelo uso de energias renováveis, limpas e pelo fim da energia nuclear; promover o comum e o livre acesso de toda a população às praias, costeiras, rios, cachoeiras e montanhas; defender a integridade dos modos de vida das populações tradicionais e seus territórios.

Visão

Promover a conservação da natureza, a justiça social e o fortalecimento cultural e territorial, visando melhorar a qualidade de vida de toda a população. Contribuir para uma sociedade ativa na construção do seu espaço e bem viver.

Valores

Acreditamos nos princípios da justiça ambiental e dos bens comuns.

Coordenação

MONIQUE CHESSA REIS
Coordenadora Geral
NATHÁLIA LACERDA
Coordenadora Institucional
SYLVIA DE SOUZA CHADA
Coordenadora Financeira
VICTOR TEIXEIRA
Coordenador de Comunicação
CONCEIÇÃO CORREA
Coordenadora Social

Conselho fiscal

AMANDA ALVES
CARLOS LUIZ BASTOS
MARIA JOSÉ BARROS DE AZEVEDO CASTRO

Notícias

Brechó da SAPÊ

A realização  de um Seminário Interno da SAPÊ, em 2007, traçou novas estratégias de comunicação e sustentabilidade da entidade. Entre elas, a “Barraquinha da SAPÊ”, que circulou em diferentes eventos com informações sobre as nossas lutas, proporcionando o diálogo com a população e os turistas.

Anos depois, em 2012, essa iniciativa se transformou no “Brechó da SAPÊ”. A primeira edição aconteceu durante a Semana do Meio Ambiente na praça Zumbi dos Palmares, com a proposta de refletir sobre o nosso modo de vida e as consequências para o ambiente. O Brechó surgiu em parceria com a Rede de Economia Solidária, movimento social que busca estabelecer relações de igualdade e solidariedade, em todas as suas instâncias: da produção ao consumo.

Ao longo dos anos, o Brechó foi se tornando um evento regular e uma estratégia de sustentabilidade financeira junto com a Rede de Colaboradores.

Os brechós têm a proposta de ocupar o espaço público, eventualmente com a participação de artistas locais, colocar em movimento coisas que estão paradas em casa e  discutir nossos hábitos de consumo. Além disso, é uma espaço para divulgar as lutas que travamos  no município através materiais informativos, como cartilhas, DVD´s, livros e venda de camisetas da SAPÊ.

Dona Alice vive!

Mary Alice Duddy: referência de mulher, comprometimento e energia de dedicação em ajudar o próximo e contribuir para um mundo mais justo. Viveu até os 89 anos. Em 12/11/2005 nos deixou com sua herança: a simplicidade como valor de transformação e a luta pela igualdade e justiça como fonte de alegria de viver.

Nascida em 03/02/1916, nos EUA, em uma família católica de origem irlandesa, formou-se em ciências sociais e em enfermagem, com mestrado em ciências físicas. O envolvimento com o movimento de mulheres católicas Graal trouxe-a ao Brasil em 1953 e, posteriormente, para Angra dos Reis. Trabalhou na Santa Casa, onde formou mais de 200 agentes de saúde.

Em Angra, junto com Dra Úrsula, Chico Nuclear (Francisco Cesáreo Alvim, falecido em acidente de moto em 1988) e muitos outros, fundou a SAPÊ, mantendo até o fim de sua vida o engajamento e a colaboração com a entidade e suas causas. Sempre pacifista, a incansável D. Alice exerceu na  SAPÊ, no SERPAJ (Serviço de Justiça e Paz) e nos diversos espaços em que participou ferrenha militância antinuclear. Produziu textos, promoveu atos e diversas traduções de livros e textos sobre o tema, sempre atualizada com os debates internacionais.

Nas últimas décadas de sua vida, morou na Sapinhatuba 3, próximo ao trevo da cidade. Nesse bairro, habitado por gente humilde e marcado pelas carências e violências de periferia, viveu até o fim de seus dias. Lá, montou uma escolinha para as crianças da comunidade e participou ativamente da Associação de Moradores e do COMAM (Conselho Municipal das Associações de Moradores de Angra dos Reis).

Integrou  todos os movimentos sociais de Angra dos Reis que pôde e dedicou sua vida à causa dos desfavorecidos. Sempre despojada, dispunha seus recursos e outros que arrecadava para ajudar quem precisasse. Estendia seu amor também aos inúmeros gatos e cachorros com que dividia a casa.

Sua trajetória de vida foi marcada pelos registros de cartas e postais que trocava com seus familiares nos Estados Unidos, com membros do Graal do mundo, de Belo Horizonte, de Goiás, etc. E dos inúmeros amigos e amigas que colecionou por onde passou. Deixou como herança  uma vida que nos serve de luz e inspiração.

Em 2016, nos 100 anos de nascimento da D. Alice, um grupo de mulheres formou o coletivo “Somos Todas Alice”. Esse coletivo organizou uma homenagem e promoveu um encontro que reuniu grande número de pessoas que conviveram com ela e compartilharam suas histórias e lembranças. E, aproveitando o aniversário de D.Alice em fevereiro, o coletivo “Somos Todas Alice” saiu em bloco no carnaval como forma de lembrar e homenagear essa mulher magrinha, de cabelo branco e lenço azul, sempre disposta a lutar. Dona Alice Vive!

Alice Somos Todos Nós

 

Ô abre alas que eu quero passar

Ô abre alas que eu quero passar

Eu sou Alice, e, sim, eu vou lutar

Eu vou lutar pro mundo melhorar

 

Quem já passou dos trinta…

Ainda pode se lembrar

Da mulher bem idosa e franzinha

Mas de uma força e coragem sem par;

Seu nome: Mary Alice Duddy

Viemos lhe homenagear.

 

Ô abre alas que eu quero passar…

 

De origem norte americana

Em fevereiro faria 100 anos;

E resolveu partir e ninguém viu

Trazendo na bagagem só coragem

Trocou o “Tio Sam” pelo Brasil.

 

Ô abre alas que eu quero passar…

 

Seu alvo não tinha limites;

Lutava pela mata, homens e animais,

“Deixem meu cãozinho e meu gatinho,

deixem meus bichinhos em paz!!!”

 

Virou estrela do infinito

É uma saudade tamanha que faz

Deixou marcado em nossas veias

Lição de justiça e paz

Restou-nos para sempre o legado

Alice somos todos nós!!!

 

Ô abre alas que eu quero passar

Ô abre alas que eu quero passar

Eu sou Alice, e, sim, eu vou lutar

Eu vou lutar pro mundo melhorar

 

Maria Aparecida dos Remédias

Mariene Florentino da Silva Caetano