Recultura

Recultura foi um projeto realizado pela SAPÊ em parceria com a OCA (Organização dos Caiçaras e Amigos), no bairro do Frade, distrito de Mambucaba, Angra dos Reis, em 2017. O objetivo geral foi fortalecer a cultura caiçara local em diálogo com a temática do risco nuclear. O bairro está localizado na Zona de Planejamento de Emergência de 5 km da central nuclear e teria que ser evacuado em caso de um acidente grave. O projeto produziu um curta documentário, realizou um evento cultural durante um final de semana e oficinas em escolas públicas.

O documentário “Recultura Caiçara”, com 22 minutos de duração, apresenta depoimentos de alguns dos mais antigos moradores do Frade contando suas histórias e lendas caiçaras em contraposição às intensas mudanças sofridas após a construção da rodovia Rio-Santos e o acentuado crescimento populacional que ela proporcionou. Traz impressões sobre o risco nuclear, relatos das transformações vividas pelos moradores da praia de Itaorna onde foram implantadas as usinas nucleares e memórias caiçaras.

O filme foi lançado no dia 29 de abril de 2017 e contou com a presença de 160 pessoas. Dentre elas, diversos moradores do bairro, entrevistados do minidocumentário, o pesquisador Luiz Augusto dos Santos que cresceu no Frade (*), caiçaras e quilombolas do Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra, Paraty e Ubatuba, jongueiros do Quilombo Santa Rita do Bracuí e da Vila Histórica de Mambucaba, estudantes universitários, secundaristas e professores. Após a exibição, o público degustou um tradicional café da roça e participou de uma roda de conversa com alguns dos entrevistados do documentário acompanhada pela apresentação de jongo e a ciranda caiçara. 

No dia seguinte, cerca de 20 pessoas atuaram na oficina de lambe-lambe que a artista angrense e caiçara Cecil Ribeiro comandou no calçadão da Praia do Frade. O curta-metragem inspirou a produção dos cartazes que abordaram a insegurança nuclear, a cultura caiçara, os valores comunitários e a destruição da praia associada ao Hotel do Frade. À noite se encerrou com a Virada Cultural da OCA, que teve apresentação de grupos locais de música, com estilos que foram do rock ao samba, passando pelo  reggae. A música ainda embalou os participantes durante o luau que seguiu até o amanhecer.

  Após o evento, o projeto promoveu  oficinas de ativismo socioambiental com cinedebates para 181 alunos da Escola Municipal Prefeito José Luiz Ribeiro Reseck e do Colégio Estadual Antônio Dias Lima, ambas no bairro do Frade.