Termoelétricas ameaçam poluir Baía de Sepetiba

Geração de gases nocivos, descarte de água aquecida, destruição de manguezais. Os impactos de balsas termoelétricas preocupam pescadores de Sepetiba.

Quem passa pelo centro de Angra dos Reis ultimamente depara-se com um navio diferente atracado no Porto da cidade. Na verdade, são quatro balsas, que, entre os meses de Abril e Junho, foram adentrando pela Baía da Ilha Grande, chamando a atenção e despertando a curiosidade de moradores e turistas.

As balsas “Karadeniz, Powership, Urdanur e Sultan” – como são chamadas – são termoelétricas conhecidas como “nave turca” e serão instaladas em uma área específica da Baía de Sepetiba (RJ), no canal do Rio São Francisco, e conectadas a terra através de linhas de transmissão.

A associação de pescadores artesanais do canal do Rio São Francisco (APACRSF), que tem cerca de 300 pescadores, questiona a instalação de mais esse empreendimento, que foi aprovado para funcionamento sem estudos de impacto local.

Sua principal característica de operação é a queima de combustíveis fósseis, que geram gases nocivos para a atmosfera. Além disso, essas balsas também realizam o descarte de água aquecida no meio ambiente. Os impactos vêm se juntar aqueles causados pelas indústrias, empresas e zonas portuárias, que, ao longo de décadas, poluem os rios e canais que desaguam na Baía de Sepetiba com prejuízo enorme para toda a fauna e flora marinha.

Além dessas agressões altamente nocivas para qualquer berçário natural – como é caso da Baía de Sepetiba -, os pescadores sentem-se prejudicados pelo afrouxamento na fiscalização dos órgãos competentes, que deveriam denunciar e impedir o avanço desse tipo de empreendimento. A preocupação é que o funcionamento dessas balsas termoelétricas venham a destruir o que restou dos manguezais na região.

O presidente da associação, Edson Correia da Silva, ressalta que o prejuízo é ainda maior, pois o empreendimento compreende a construção (já em andamento) de 36 torres de transmissão de energia – uma empreitada que, até agora, já destruiu sete hectares de manguezal -, além de ignorar o fator segurança, ao deixar expostos, na flor do espelho d’água, cabos que colocam em risco a navegação e a vida dos pescadores.

Como se não bastasse o impacto visual trazido pela atracação das balsas no porto de Angra dos Reis, a grande preocupação são os impactos que elas já começaram a causar no frágil ecossistema da Baía de Sepetiba, onde vivem e do qual dependem cerca de 31 mil pescadores.