No dia 11 de março de 2011 um terremoto de 9,1 graus, seguido de tsunami, atingiu o Japão e relembrou ao mundo o perigo e o desastre social que usinas nucleraes podem provocar. O tsunami inundou as usinas nucleares e o sistema de resfriamento parou de funcionar. Sem eletricidade, aumentou a pressão dentro dos reatores. Dos seis reatores da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, três derreteram e explodiram.
Inicialmente, 10 km ao redor da usina foram evacuados, depois 20 km. Mais de 100 mil famílias foram desalojadas. Em Angra dos Reis, o Plano de Emergência das usinas nucleares prevê a evacuação da população em uma área de apenas 5 km. Em 2021, 330 km² do território japonês se encontra evacuado e 40 mil pessoas não podem voltar às suas casas. O governo japonês segue com o complexo e caro processo de descontaminação, armazenando toneladas de terra e mais de 1,1 bilhão de litros de água que, agora, estão radioativas.
Em 2011, o Japão tinha 54 reatores nucleares em operação e dois em construção. O nuclear representava cerca de 30% da matriz energética do país. No mundo, 442 reatores estavam operantes e 65, em construção. Em 2020, o Japão, que paralisou o funcionamento de todas as suas usinas em 2012, já tinha 33 usinas em funcionamento (5,1 % da matriz energética), apesar do posicionamento contrário da maior parte da população.
Fukushima foi o maior acidente nuclear envolvendo reatores similares aos de Angra dos Reis. A SAPÊ, o ISABI (Instituto Socioambiental da Baía da Ilha Grande) e o CODIG (Comite de Defesa da Ilha Grande), diante da tragédia japonesa, realizaram o ato público de solidariedade às vítimas e de repúdio à insegurança nuclear: “Quem planta Angra 1, 2 e 3 colhe Three Mile Island, Chernobyl e Fukushima”. Uma caminhada, com os presentes de luto, simulando o enterro do Programa Nuclear Brasileiro.
O município nunca esteve preparado para reagir, de fato, a um acidente nuclear grave. Basta considerar o desconhecimento de procedimentos básicos que deveriam ser adotados pela população e turistas; a precariedade de hospitais e escolas que serviriam de abrigos; a inexistência de meios de transporte suficientes para a evacuação; e as estradas mal conservadas frequentemente interrompidas por quedas de barreiras.
Um ano após a tragédia no Japão, o movimento antinuclear mundial promoveu uma “Corrente Humana Antinuclear” em memória das vítimas de Fukushima e pelo fim das instalações nucleares. Participaram 104 cidades de quinze países, entre eles: Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Inglaterra e Japão. No Brasil, o movimento aconteceu nas cidades de Recife, Rio de Janeiro, Goiânia, São Paulo e Salvador.
Em Angra dos Reis, a SAPÊ, junto com outras entidades, promoveu o “Lanternas para Fukushima”, que começou com uma vigília no Cais de Santa Luzia, no dia dez de março de 2012, onde foram confeccionadas lanternas de papel e velas. Ao amanhecer, após um cortejo até a praia da Costeirinha, aconteceu a cerimônia das lanternas ao mar. A simbologia das lanternas faz referência à tradição japonesa que homenageia seus ancestrais com lanternas flutuantes lançadas ao rio com a intenção de iluminar e guiar os espíritos ancestrais em sua jornada a um novo plano de existência.
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