Cachoeira do Bracuí ameaçada por Hidrelétrica

Projeto hidrelétrico modifica cachoeiras e afeta comunidades tradicionais.

No segundo semestre de 2020, circulou a notícia de que a empresa EBDE Energia S/A pretende construir duas Usinas Hidrelétricas – UHE Paca Grande I e II – no rio Paca Grande, município de Bananal/SP, e no rio Bracuí, município de Angra dos Reis/RJ. Tal empreendimento, se instalado, acaba com a grande cachoeira do Rio Bracuí no alto da Serra da Bocaina, assim como as cachoeiras subsequentes. Todas de alto valor simbólico, recreacional, turístico e ambiental.

O projeto prevê a construção de uma barragem e a perfuração para a instalação de um duto de 90 cm de diâmetro no alto da Serra da Bocaina, em São Paulo. A tubulação descerá a serra até a parte baixa próxima a comunidade do Quilombo Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis, RJ, onde desembocará nas turbinas e será aberto um túnel para a colocação de todo maquinário necessário para distribuição da energia gerada.

A notícia causou grande repercussão em Angra dos Reis em função de não ter havido qualquer consulta prévia e dos diversos impactos que provocaria.

O Quilombo Santa Rita do Bracuí sofreria uma subtração de seu território tradicional com restrição de circulação; deslocamento de grande quantidade de terra e pedras para a alocação de equipamentos e estradas de acesso para a construção e operação; modificação da dinâmica e biota do rio; além do impacto direto em todo o ecossistema pela canalização da água que, hoje, desce em forma de cachoeiras.

A comunidade indígena da aldeia Guarani Sapukai também teria restrição em sua circulação. Ou seja, um conjunto de impactos sócio-ambientais em uma área que faz parte da Zona de Amortecimento do Parque Nacional da Serra da Bocaina.

O empreendimento também poderia afetar futuros planos de abastecimento de água, e acabará com um dos principais atrativos turísticos presentes no alto da serra: a Cachoeira.


Todo esse quadro gerou grande mobilização contrária ao empreendimento no ano de 2020. O COMTUR (Conselho de Turismo de Bananal) manifestou-se, FCT/CIMI/ARQUISABRA também, assim como SAPÊ, IPEMAR, COMPIR, Colegiado Territorial Rural da Baía da Ilha Grande, Cia da Lua, Crescente Fértil ,IEAR e GEBIG/UFF, Movimento Baía Viva, e PEPEDT/UFRRJ. As manifestações foram enviadas à ANA (Agência Nacional de Águas), Ministério Público e Comitê de Bacias Hidrográfica da Baía da Ilha Grande. Houve uma audiência pública na Câmara Municipal de Angra dos Reis, um abaixo assinado contrário com milhares de signatários e reuniões nas comunidades.

Após essas reações iniciais, o processo segue em andamento, porém sem estar claro qual será seu desfecho.

Audiência pública, realizada dia 14/10/2020, discute as possíveis consequências da construção de uma usina hidrelétrica no município de Bananal (SP) na localidade do Rio Bracuí.
Feito com compromisso político afetivo pela Arte vetorial de uma espiral Kangen Comunidade Criativa